Empolgado, mas atordoado. Esses são os adjetivos que mais caracterizam o Flamengo na final contra o Palmeiras em Montevidéu. Derrotado por 2 a 1 para o Verdão, que fica com o tri da Libertadores, o técnico flamenguista Renato Gaúcho Portaluppi colheu hoje o que plantou há tempos: avacalhamento no principal jogo da temporada. Dias e dias de preparação para não chegar à "Glória Eterna". Abriu mão do Campeonato Brasileiro para não fazer nada na finalíssima no Estádio Centenário. Renato, por sua  falta de conhecimento tático, e diretoria, por ter o escolhido, são os culpados pelo fiasco no Uruguai.

Tudo bem que no tempo regulamentar o jogo ficou no 1 a 1, porém um time que briga na final com o famoso "elenco de 200 milhões" não pode dar apenas dois chutes a gol em toda a partida — inclusive nos minutos de prorrogação. Foram incríveis 120+6 minutos em que o Clube de Regatas do Flamengo deu apenas duas finalizações a gol. Ao todo, foram 19 chutes cariocas contra 10 paulistas. E olha que barato: dos 10 chutes palestrinos, seis foram a gol. Ou seja, 60% dos chutes do Palmeiras foram a gol. Incrível, né? A Sociedade Esportiva teve o triplo de arremates a gol.

Portaluppi é falho

O "elenco de 200 milhões" tão falado por Renato na época em que o treinador estava no Grêmio não é bem treinado por ele. São jogadores que respiram táticas e variações, que sabem jogar e são inteligentes desde que sejam direcionados. Sim, provaram isso quando estavam sob batuta daquele português de cabelos brancos — sim, o Mister Jorge Jesus.

David Luiz esteve muito presente no campo de ataque e até, em cinco momentos, se lançou como armador. Isso não existe. Um zagueiro não arma jogo em final continental. Ah, mas o Andreas Pereira errou grotescamente. Sim, o belga errou, mas no lance ele não tinha boas opções para sair jogando. No lance do gol de Deyverson, Palmeiras também os méritos de estar pressionando alto a saída de bola adversária.

Arrisco-me a dizer que a única coisa certa que Portaluppi fez nessa final foi ter substituído Éverton Ribeiro por Michael aos 63'. Só.

Tchau, Renato?

Foto: Divulgação / Conmebol
Foto: Divulgação / Conmebol

"Nessas horas, é até difícil de falar, acho que o mais importante de tudo é que nesse tempo todo eu dei o melhor de mim, junto do grupo. Meu contrato acaba no próximo dia 30 e essa pergunta (sobre permanência no cargo) deve ser feita para a diretoria. A decisão agora é deles", disse Renato Gaúcho na coletiva pós-derrota.

Aquele ápice no Grêmio até iludiu alguns flamenguistas na chegada, mas não há como apagar que Renato é o técnico que perdeu por 5 a 0 numa semifinal de Libertadores. E quando enfrenta outro treinador — treinador de verdade — com bom elenco, se avacalha e cai por terra. Sim, aquele Grêmio treinado por Renato perdeu a final da Copa do Brasil para o Palmeiras de Abel por 3 a 0 no agregado, sendo sucumbido ao nó tático do português no começo de 2021.

"Infelizmente, no Brasil, só é bom quem ganha. Eu dei o exemplo de 2008, quando o Fluminense foi vice-campeão, que até então, todo mundo era bom demais, no dia seguinte, era o pior. No Brasil, não vai mudar, só é bom quem ganha, a gente tem que estar vacinado para isso. Eu tenho a esperança que isso melhore, mas é difícil", resmungou o treinador sem conhecimento tático na mesma coletiva.

Enfim, agora a diretoria flamenguista não pode medir esforços para tirar Marcelo Gallardo do River Plate e ter um treinador de verdade à frente do elenco.

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