Nessa quarta-feira (29), o Flamengo anunciou oficialmente a contratação do técnico português Paulo Sousa, de 51 anos, para o comando da equipe, após a saída de Renato Portaluppi, depois do vice-campeonato na Libertadores. Sonho de consumo dos dirigentes e da esmagadora maioria dos rubro-negros, Jorge Jesus acabou sendo descartado antes de ficar livre do contrato que tinha com o Benfica, e mesmo com manifestações em redes sociais, o time carioca não mudou seu rumo e confirmou o acordo pré-acertado desde o fim de semana.

Porém, o foco desse texto é propor uma reflexão na forma como se avalia o trabalho de um treinador em terras tupiniquins. O ex-técnico da Polônia tem em seu currículo, trabalhos em clubes de pequeno e médio portes, sendo os de maior destaque na Itália (Fiorentina) e na França (Bordeaux). Porém, seus títulos vieram no futebol húngaro, com o Videoton, e em Israel, com o Maccabi Tel Aviv.

Em relação aos seus concorrentes na disputa pelo cargo de técnico rubro-negro, o lusitano só tinha paralelo com Carlos Carvalhal, atual treinador do Braga, mesmo com Carvalhal tendo dirigido Sporting e Besiktas, no começo da década passada. E logo, especialmente nas redes sociais, começou um movimento contra a contratação de Sousa baseado nessa falta de "currículo" para trabalhar em um clube gigante como o Flamengo, mas também utilizando os números de seus trabalhos.

Olhando esses dados friamente, de fato, Paulo Sousa parece distante daquilo que o clube de maior torcida do Brasil almeja. Porém, esses números tem que ser contextualizados e analisados em conjunto com os objetivos desses clubes ao contratarem o português, e seus respectivos elencos, principalmente em comparação aos principais de cada país.

E a partir disso, observar como o treinador montou essas equipes, se desempenharam um bom futebol, mesmo com as dificuldades de material humano nos clubes, e enfim, colocar na balança os pontos positivos e negativos que possam permitir que cada um de nós possa formar uma opinião a respeito do técnico da vez.

Não custa lembrar que Renato Gaúcho, treinador que o antecedera no Flamengo, saiu com mais de 70% de aproveitamento, e ainda assim foi bastante criticado pelos torcedores, não apenas por não ter conquistado nenhum título, mas por não conseguir fazer um dos melhores elencos do país ter um nível de atuação a altura do talento de seus jogadores no plantel.

Essa análise não visa afirmar que Sousa é o treinador ideal para o Flamengo (também não é para afirmar que não seja), mas para propor, visando uma evolução no futebol que os clubes jogam no país, que não se despreze de cara, por conta de números frios, bons treinadores que possam melhorar cada vez mais o nível apresentado nos gramados brasileiros.