Avaí começou 2022 com vaga garantida na Série A e com esperança renovada após a troca de diretoria, mas a temporada já está atribulada após apenas três jogos. Após perder a Recopa para o arquirrival Figueirense em casa, o Leão empatou sem gols com o Marcílio Dias na estreia do Campeonato Catarinense e, nesta quarta-feira (26), foi derrotado pela Chapecoense, na Ressacada, por 1 a 0.

Durante o segundo tempo, o técnico Claudinei Oliveira, comandante do Avaí no título estadual em 2021 e na campanha do acesso à elite do futebol brasileiro, foi xingado e vaiado pela torcida na Ressacada. A justificativa que o tempo de preparação foi curto, desta vez, não cola. A Chape iniciou a pré-temporada ao mesmo tempo que o Avaí, mas com técnico novo - Felipe Conceição - e com um agravante: teve quase o elenco inteiro infectado pela Covid-19. Mesmo assim, criou mais e poderia ter saído da Ressacada com uma vitória mais elástica - apesar da 'cera' que fez desde o primeiro tempo.

Claudinei, que já colocou seu nome na história do time, não pode ser isentado de sua parcela de culpa pelas três atuações pobres do time, mas merece crédito, principalmente porque o Leão começa a temporada com um elenco bem aquém de suas expectativas para o ano. No ano passado, o Avaí só perdeu a segunda partida em casa em agosto. Em 2022, já são duas derrotas em dois jogos na Ressacada.

Claudinei volta a ser alvo de parte da torcida após começo ruim em 2022 (Foto: Leandro Boeira/Avaí FC)
Claudinei volta a ser alvo de parte da torcida após começo ruim em 2022 (Foto: Leandro Boeira/Avaí FC)

Opções escassas

Durante a campanha da Série B, o Avaí se notabilizou por ter um banco forte, com opções que entravam e decidiam jogos. João Lucas, JonathanValdíviaRômuloRenato e até o contestado Iury conseguiram ter impacto positivo, em momentos diferentes, durante a Segundona.

O atual elenco do Avaí não tem opções tão confiáveis. O único meio-campista com características de criação é Vinícius Leite, que costuma render melhor jogando pelo lado. Sobrecarregado, Lourenço, que teve seus melhores momentos como um central que vai de área a área, volta a ser criticado por não ser capaz de fazer o time funcionar.

Após mais um primeiro tempo pobre ofensivamente contra a Chapecoense, Claudinei sacou, já no intervalo, Renato, que, desde o ano passado, rende mais saindo do banco, para a entrada de Quirino, que começou como reserva após ser titular nas duas primeiras partidas e ter influência mínima no comando de ataque. Único centroavante contratado pelo Avaí até agora, o ex-jogador do Ypiranga nunca disputou, sequer, a Série B do Brasileirão.

Quirino só disputou as Séries C e D na carreira (Foto: Frederico Tadeu/Avaí FC)
Quirino só disputou as Séries C e D na carreira (Foto: Frederico Tadeu/Avaí FC)

Após sair atrás, a alternativa do técnico foi colocar Matheus Lucas ao lado de Quirino como segundo atacante, promovendo a estreia de Paulo Baya, que teve iniciativa, mas foi muito impreciso, mudando o esquema para o 4-4-2. Lourenço, mais uma vez, foi improvisado e deslocado para a lateral-direita. A intenção era aumentar o ímpeto e a criatividade, mas o Avaí foi, mais uma vez, um time que não teve volume ofensivo.

Contratações não empolgam

Novo executivo de futebol contratado pela administração de Júlio Heerdt, William Thomas declarou que o perfil de contratação do Avaí seria de jogadores jovens, com boa margem de desenvolvimento, e experientes com histórico na elite nacional.

Até agora, poucos deles seguem esse perfil, diferente de vários dos que saíram, como Diego Renan, Edílson, João Lucas, Valdívia e, principalmente, Getúlio, atacante que foi decisivo, ao lado de Copete, para o acesso do Leão.

É difícil imaginar que muitos dos contratados do Avaí para a temporada tivessem mercado em outros times na Série A, com exceção do goleiro Douglas Friederich, ex-Bahia e Juventude, e do lateral-direito Matheus Ribeiro, que começou mal no Leão, mas tem passagens por Athletico-PR, Figueirense, Santos, Atlético-GO e Chapecoense.

Diego Matos, Quirino (que foram contratados pela gestão anterior), Eduardo e Paulo Baya nunca disputaram a Série A do Brasileirão, enquanto Raniele fez 11 jogos pelo Bahia na elite em 2021, um como titular. De volta ao Leão após dez anos, Muriqui, que estava atuando na segunda divisão da China, ainda não estreou por precaução da comissão técnica e é uma incógnita.

Muriqui ainda não reestreou - condições física e técnica são grandes incógnitas (Foto: Leandro Boeira/Avaí FC)
Muriqui ainda não reestreou - condições física e técnica são grandes incógnitas (Foto: Leandro Boeira/Avaí FC)

As chegadas

Jogador Posição Clubes anteriores
Douglas Friederich (33 anos) Goleiro Ituano, Capivariano, Caxias, Bragantino, Grêmio, Avaí, Bahia e Juventde
Matheus Ribeiro (28) Lateral-direito Ypiranga-RS, Athletico-PR, Atlético-GO, Santos, Puebla, Figueirense e Chapecoense
Diego Matos (25) Lateral-esquerdo Paysandu
Eduardo (25) Volante Criciúma e Cruzeiro (não jogou)
Raniele (25) Volante Ferroviária, Taubaté, Penapolense, Portuguesa, Jacuipense, Botafogo-SP e Bahia
Muriqui (35) Atacante Ituano, Avaí, Atlético-MG, Guangzhou FC, Al Sadd, Tokyo FC, Vasco, Guangzhou South Tigers, Cangzhou Mighty Lions
Paulo Baya (22) Atacante Cascavel e Ventforet Kofu
Quirino (28) Atacante Iraty, Londrina, Foz do Iguaçu, J Malucelli, Sergipe, Operário-PR, Ypiranga-RS e Taubaté

O desafio

Único representante de Santa Catarina na Série A do Brasileirão, o Avaí, que defende o título estadual, começa a temporada com a obrigação de ir atrás do bi. Mais difícil que isso, a nova administração tem o desafio de evitar que o Leão caia, mais uma vez, logo no primeiro ano na elite - o que aconteceu em 2015, 2017 e 2019.

O elenco atual é, de forma incontestável, insuficiente para que o Avaí se mantenha na primeira divisão do Brasileirão e, talvez, nem seja o bastante para disputar o título estadual.

Claudinei Oliveira precisa encontrar soluções a curto prazo para que o time evolua, mas, principalmente, a diretoria deve providenciar um elenco à altura do que a temporada vai exigir do Leão.

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