"Basicamente eu tenho minha vida hoje como resultado do que fiz enquanto criança. O que eu perdi? Sim, perdi os passeios no shopping, acho, mas isso não é grande coisa porque você não ganha uma medalha por isso". Essa frase foi dita pela ginasta Nadia Comaneci após os boatos de que afirmou em algum momento que tinha perdido a infância por causa do esporte. A atleta mostrou que o sonho de criança foi realizado ainda no começo de sua adolescência. E que seu nome está na história e ninguém repetiu seu feito. Neste especial preparado pela VAVEL Brasil, conheça Nadia Comaneci, a ginasta nota 10.

Trajetória Olímpica

Após se destacar em competições locais e nas ginastas da Romênia, Nadia Comaneci disputou a primeira Olimpíada em sua carreira em Montreal, no ano de 1976, quando tinha apenas 14 anos de idade. Sete ginastas representaram o país na modalidade durante o maior evento esportivo existente: além de Nadia Comaneci, Teodora Ungureanu, Mariana Constantin, Anca Grigoras, Gabriela Trusca e Georgeta Gabor. E logo na competição qualificatória, o nome na história começou a ser escrito.

No dia 18 de julho de 1976, as ginastas começaram a disputar o ouro, tanto na categoria individual como por equipes. Nadia Comaneci já chamava atenção por ter 14 anos e estar rodeada de atletas tão experientes. A romena foi para sua primeira especialidade: as barras assimétricas. A execução contou com rotina arrojada e agradou ao público. Após a análise dos árbitros, a nota foi divulgada no placar: 1.00.

O ginásio ficou em silêncio por não entender como uma atleta que chamou tanta atenção pelo desempenho impressionante tinha recebido uma nota tão baixa. Nesse ínterim, foi percebido a fragilidade dos placares: como ninguém tinha atingido uma pontuação tão alta, os placares não foram programados para registrarem a nota 10.00. Pela primeira vez, uma ginasta recebeu um dez perfeito.

E não parou por aí. No dia seguinte, durante a final por equipes, Nadia atingiu a segunda e a terceira notas 10 ao executar seus exercícios com perfeição na trave de equilíbrio e, mais uma vez, nas barras assimétricas. A alta pontuação resultou na medalha de prata, atrás apenas da poderosa ex-União Soviética. Ao fim de toda a disputa, sete notas 10 em provas nas barras assimétricas e na trave, três medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze.

Na Olimpíada seguinte, Moscou 1980, Nadia Comaneci conquistou o direito de disputar cinco das seis finais possíveis durante a fase qualificatória. As notas 10 não foram repetidas. Ainda assim, os olhos do público viram novas belas exibições na ginástica artística. Ao todo, foram duas medalhas de ouro e duas pratas.

Grandes feitos ou títulos

Além das nove medalhas olímpicas, a histórica ginasta romena conquistou títulos importantes para sua carreira e que colocaram o nome do país em um patamar ainda mais elevado. Em 1971, veio o primeiro título internacional em uma disputa contra a extinta Iugoslávia. Nadia conquistou o individual e ajudou a equipe a vencer. Em 1975, foram medalhas no Campeonato Mundial. Ouro, prata e bronze. Multicampeã com pouca idade. Com cinco anos na categoria júnior, foram 55 medalhas, 14 vitórias no concurso geral, em 20 eventos nacionais e internacionais disputados.

Com a entrada na categoria sênior do país, as premiações continuaram, embora ficasse afastada em um ano. Ainda assim, a atleta voltou mais desenvolvida e continuou a chamar a atenção do público com o rendimento elevado, que o destacou. Foram medalhas em competições europeias. Nos Campeonatos Mundiais que participou (Estrasburgo-FRA 1978 e Fort Worth-EUA 1979), quatro medalhas. Nadia Comaneci encerrou a carreira em 1981.

Legado no esporte

Desde que deixou a carreira profissional, Nadia Comaneci não abandonou a Ginástica. Hoje, a romena é membro de algumas associações e federações, fundadora de uma instituição filantrópica e colaboradora em outras na Romênia e nos Estados Unidos. Também contribui para a revista International Gymnast - publicação mais veiculada da modalidade.

Como premiações, recebeu a Ordem Olímpica duas vezes. Desde 1993, seu nome está no International Gymnastics Hall of Fame, além de ser reconhecida no país como heroína do trabalho socialista e eleita a atleta mais importante da Romênia.

O sonho de criança a colocou em um nível ainda inatingível na história da Ginástica Artística, ao lado de lendas do maior evento esportivo já existente.