Voar, talvez por apenas alguns segundos, mas esta é a sensação do impulso na cama elástica até seu pouso sobre ela. A ideologia da ginástica de trampolim vem da liberdade, são saltos e acrobacias no ar que carregam uma grande tradição do ser andarilho. Da arte à atividade física, é assim que esta modalidade da ginástica ganhou espaço no calendário olímpico.

Diz a história que sua origem está no circo e um dia um professor e ginasta da década de 30 foi o responsável pela transformação em esporte. Após observar trapezistas em suas apresentações e todos os equipamentos que os cercavam, o estadunidense George Nissen construiu um aparelho desmontável e percorreu o país disseminando essa nova modalidade. A desenvoltura idealizada por George em uma cama elástica foi muito importante após a Segunda Guerra Mundial para preparação militar que assim como atletas de outros esportes e astronautas utilizam da técnica para trabalhar o condicionamento físico até os dias atuais.

Hora olímpica

A ginástica de trampolim entrou para os Jogos Olímpicos na edição de Sidney em 2000. Sobre as camas elásticas retangulares formada por uma tela de nylon de 5 x 3m à 1,5m do solo e presa por molas, os atletas competem individualmente e utilizam meias ou sapatilhas próprias, por regra eles não devem estar descalços. Para a Olimpíada do Rio de Janeiro serão 32 vagas, 16 para cada gênero e por ser país sede o Brasil terá pela primeira vez um representante na competição, Rafael Andrade. O goiano foi o melhor brasileiro no Mundial de Odense.

Este evento na Dinamarca distribuiu metade das vagas olímpicas, com limite de duas por país. Mês passado, em abril, no Rio de Janeiro, aconteceu o Aquece Rio, evento-teste que classificou outros ginastas. Além das classificações diretas, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) distribui dois convites para países que escolherão seus representantes. Estes são os países garantidos em agosto: Austrália, Belarus, Brasil, Canadá, Cazaquistão, China (duas vagas), Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Japão (duas vagas), Nova Zelândia, Portugal, Rússia (duas vagas), no masculino. Para disputa feminina, aguardamos Alemanha, Belarus (duas vagas), Canadá, China (duas vagas), Estados Unidos, França, Geórgia, Grã-Bretanha (duas vagas), Japão, Portugal, Rússia, Ucrânia, Uzbequistão.

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

As provas de trampolim são dividas em duas séries de dez elementos. A soma da apresentação livre (voluntary), cuja maior e menor notas são descartadas, se junta a demonstração obrigatória (compulsory) e selecionam os oito melhores para a final, em que os saltos são difíceis e melhores executados. O julgamento dos quesitos técnicos está sobre responsabilidade de oito árbitros que se dividem para uma melhor precisão de análise, pois os atletas são avaliados por dificuldade e execução do movimento, além do tempo de voo em cada série. Antes de iniciar a competição, o ginasta tem um tempo de um minuto para saltos esticados preliminares para atingir a altura e estabilidade desejada.

Os saltos são os mais variados, alcançam voos de quase 8m de altura que despertam as mais diversas sensações para quem vê a elasticidade, dificuldade e contorcionismo das piruetas. Segue abaixo o nome de alguns movimentos para maior entrosamento da torcida e o esporte pouco conhecido por brasileiros.

Barani – salto mortal para frente com pirueta

Rudy out – salto duplo com pirueta e meia

Full in full out – salto duplo com duas piruetas

Front full – mortal para frente com pirueta

Full – mortal para trás com uma pirueta

Back – mortal para trás

Cody – mortal para trás partindo da posição frontal

Side – Mortal de lado

Ucrânia, Canadá, Rússia, China, Alemanha e Uzbequistão são os países medalhistas olímpicos e seus representantes asseguram os recordes, o russo Alexander Moskalenko detêm uma medalha de ouro e uma prata e os chineses Dong Dong, campeão em Londres, e Lu Chunlong conquistaram um ouro e bronze, cada. As estatísticas femininas ficam nas mãos da canadense Karen Cockburn com dois ouros e um bronze, seguido das chinesas Wenna He, um ouro e bronze e Shansha Huang, uma prata e um bronze. A campeã olímpica em 2012, foi a Rosannagh Maclennan, representante do Canadá. A China é o país com mais medalhas, são três ouros, uma prata e quatro bronzes, o total compreende um terço das medalhas olímpicas já disputadas.

Evento-Teste de Ginástica na Arena Olímpica do Rio (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)
Evento-Teste de Ginástica na Arena Olímpica do Rio (Foto: Ricardo Bufolin/CBG)

O programa de trampolim ocorrerá nos dias 12 e 13 de agosto na Arena Olímpica do Rio. Localizada no Parque Olímpico da Barra, ela está com as obras no prazo, pois foi necessário apenas alguns ajustes e adaptações na estrutura já existente. Contudo, foi previsto R$ 10 milhões para a reforma do espaço de capacidade para 12 mil torcedores utilizado no Pan-Americano do Rio de Janeiro em 2007. Além das disputas de ginástica de trampolim, o local abrigará as outras modalidades da ginástica e os jogos de basquete em cadeira de rodas, paralímpico. No coração dos Jogos, cercado pela natureza das praias e lagoas, a Arena Multiuso é propriedade da prefeitura do Rio de Janeiro e traz uma modernização da infraestrutura local e transporte.

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