Nos últimos 40 anos, o Chicago Bears teve pouca participação em finais. Para se ter uma ideia, a equipe disputou o Super Bowl XX em 1986, quando foi campeão, e no Super Bowl XLI, em 2007, quando o Indianapolis Colts levou a melhor. Mas a história da franquia é repleta de conquistas e grandes feitos. Um dos históricos jogadores da equipe centenária foi o running back Gale Sayers. O jogador se destacou pela enorme habilidade no playmaking durante os anos de 1965 a 1971 e teve a carreira interrompida por lesões no joelho. Um dos principais nomes da história da liga passa a figurar no grupo das lendas. Aos 77 anos, Sayers morreu nesta quarta-feira (23).

Gale Sayers foi selecionado na quarta escolha do Draft de 1965 do Kansas e a ideia da diretoria era trazer um substituto para Willie Galimore, estrela que morreu em um acidente de carro no verão anterior durante o treinamento em Rensselaer, Indiana. Quando entrou em campo, foi um sucesso estrondoso. Em sua temporada inicial, estabeleceu o recorde da NFL com 22 touchdowns anotados e igualou outra marca ao marcar seis TDs em uma vitória sobre o San Francisco 49ers sob um gramado lamacento do Wrigley Field, hoje casa do Chicago Cubs na MLB. Como resultado, eleito o novato do ano na liga.

Foto: Divulgação/Chicago Bears
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Em 1966, foram 1.231 jardas corridas e estabeleceu o recorde da liga com 2.440 jardas. Foram 34 recepções para 447 jardas, com uma média de 31,2 jardas em 23 retornos de kickoff e marcou 12 touchdowns no total – oito corridas, duas de recepção e dois em retornos de kickoff. Em 1968, estabeleceu um recorde de corridas do Chicago Bears com 205 jardas em 24 corridas. Porém, ele rompeu os ligamentos cruzado anterior e medial colateral no joelho direito, quando liderava a NFL com 856 jardas. Voltou em 1969 e liderou com 1.032 jardas. Porém, as lesões voltaram a incomodar nas temporadas de 1970 e 1971, o que culminou em sua aposentadoria.

O legado permanece até a atualidade. Em seis temporadas, foram 23 recordes estabelecidos da franquia e sete marcas da NFL. Gale Sayers foi escolhido cinco vezes para a seleção All-Pro que foi votada para quatro Pro Bowls. Seus 22 TDs em 1965 permanecem como recorde de um novato e ainda é o melhor retornador de kickoffs na história da NFL, com 30,6 jardas de média. Em comunicado divulgado, o presidente dos Bears, George Halas McCaskey exaltou o desempenho de Sayers em campo e lamentou a morte do RB.

“Os fãs de futebol conhecem bem as muitas realizações de Gale em campo: uma rara combinação de velocidade e força como o corredor mais eletrizante do jogo, um perigoso retornador de chutes, sua recuperação de uma grave lesão no joelho para liderar a liga em corridas e se tornar o jogador mais jovem introduzido no Hall da Fama. Pessoas que nem eram fãs de futebol conheceram Gale por meio do filme ‘Brian’s Song’ (Glória e Derrota, em português), sobre sua amizade com o colega de equipe Brian Piccolo. 50 anos depois, a mensagem do filme de que a fraternidade e o amor não precisam ser definidos pela cor da pele, ainda ressoa. O treinador George Halas disse isso da melhor maneira ao apresentar Gale para indução ao Hall da Fama: “Seus semelhantes nunca mais serão vistos”. Em nome da família McCaskey, oferecemos nossas mais sinceras condolências a Ardie (sua esposa) e a toda a família Sayers”, afirmou.

Foto: Divulgação/Chicago Bears
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Sayers foi nomeado para a equipe da NFL dos anos 1960, além de ser selecionado para as equipes do 50º, 75º e 100º aniversários da NFL. Sua camisa 40 foi aposentada pelos Bears em 1994 e ele foi escolhido como o quinto melhor jogador da história dos Bears em 2019 pelos escritores Don Pierson e Dan Pompei, em uma lista com os 100 melhores da história da franquia. Em 1977, aos 34 anos de idade e com 68 jogos disputados, o jogador se tornou o homem mais jovem a entrar no Hall da Fama e com a quantidade de jogos mais curta. Em comunicado, o comissário da NFL Roger Goodell lamentou a morte da lenda do Chicago Bears.

“A família da NFL perdeu um verdadeiro amigo hoje com o falecimento de Gale Sayers. Gale foi um dos melhores homens da história da NFL e um dos jogadores mais emocionantes do esporte. Gale era um corredor eletrizante e evasivo que emocionava os fãs toda vez que tocava na bola. Ele conquistou seu lugar como primeiro titular do Hall da Fama. Também nos lembraremos para sempre de Gale por sua inspiração e bondade. O comportamento tranquilo e despretensioso de Gale desmentia sua determinação, competitividade e compaixão. Enviamos nossas sinceras condolências à sua esposa Ardie e sua família. Nossos pensamentos estão com seus companheiros de equipe, a organização Chicago Bears, os muitos fãs que se lembram dele como jogador de futebol e muitas outras pessoas que foram tocadas pelo espírito e generosidade de Gale”, publicou.

Foto: Divulgação/Chicago Bears
Foto: Divulgação/Chicago Bears

Após a histórica carreira em campo, Sayers foi diretor de esportes na Universidade de Southern Illinois entre 1976 e 1981. Em 1984, ele fundou uma empresa de suprimentos de informática de sucesso. A esposa do jogador, Ardie Sayers, afirmou em uma entrevista que Gale foi diagnosticado com demência em 2013. Presidente do Hall da Fama da NFL, David Baker expressou as condolências em comunicado.

“Todos aqueles que amam o futebol lamentam a perda de um dos maiores jogadores de todos os tempos com o falecimento da lenda do Chicago Bears, Gale Sayers. Ele era a própria essência de um jogador de equipe – quieto, despretensioso e sempre pronto para elogiar um colega de equipe por um bloqueio importante. Gale foi um homem extraordinário que superou muitas adversidades durante sua carreira e vida na NFL. O ‘Cometa de Kansas’ estourou em cena na National Football League e chamou a atenção de toda a América. Apesar de jogar apenas 68 jogos da NFL por causa de uma carreira reduzida por lesões, Gale foi bem definido – e em primeiro lugar – Hall da Fama por suas realizações no campo e pelo homem de caráter que ele foi em vida. Toda a família do Hall da Fama do Futebol Profissional lamenta o falecimento de Gale. Nossos pensamentos e orações estão com sua esposa Ardie e toda a sua família. Manteremos para sempre seu legado vivo para servir de inspiração para as gerações futuras. A bandeira do Hall da Fama estará a meio-mastro até que ele descanse”, disse.

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