A final do individual feminino foi disputada na manhã desta quinta-feira (29) no  Centro de Ginástica Ariake entrou para a história da ginástica artística brasileira. Rebeca Andrade se tornou a primeira ginasta brasileira da história a conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos. 

Com 57,298 pontos, Rebeca  ficou atrás apenas da americana Sunisa Lee, que somou 57,433 pontos. A terceira colocação fiou com a russa Angelina Melnikova, com 57,199 pontos.

Escrito na história

O ouro não veio por muito pouco, por um  pequeno passo para fora no solo do Baile de Favela. Mas nada diminui a conquista de Rebeca. Daniele Hypolito foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha em Mundiais, uma prata no solo de 2001. Daiane dos Santos a primeira campeã mundial, em 2003. Rebeca, em 2021, se tornou a primeira medalhista olímpica.

O feito de Rebeca Andrade se torna ainda mais impressionante por causa da sua trajetória. Foram três cirurgias no joelho direito entre 2015 e 2019, com muito tempo afastada do ginásio por conta da recuperação. Mas a brasileira superou tudo.

Como foi a brasileira

O primeiro aparelho de Rebeca foi o salto - seu aparelho mais forte. Ela executou um Cheng muito cravado, um salto de dificuldade muito alta. Só teve um desvio de trajetória e pisou um pouco fora da área. Ainda assim, tirou um notão para abrir na liderança: 15,300 pontos. A americana Jade Carey, outra especialista do salto, também faz um Cheng muito bom e tirou 15,200 para ficar na cola de Rebeca. A russa Angelina Melnikova conseguiu 14,633 pontos e a americana Sunisa Lee 14,600 para continuar na briga.

Nas barras assimétricas, a brasileira foi a primeira do grupo a se apresentar. Ela cravou sua série, inclusive acertando ligações de movimentos que não tinha feito na classificatória. Assim, a brasileira conseguiu aumentar a nota de dificuldade em três décimos e conseguiu 14,666 pontos. Apesar de se manter na liderança, Rebeca viu Sunisa Lee se aproximar bastante. Especialista nas barras, a americana conseguiu 15,300 pontos. Angelina Melnikova também cravou as barras, um ponto forte da russa, tirou 14,900 e ficou na terceira posição.

A trave foi o que manteve as chances de medalha ainda vivas. Quando Jade Carey caiu, deixou a briga pelo pódio. As russas Urazova e Melnikova cravaram e, apesar de Sunisa Lee ter alguns desequilíbrios durante a série, a americana se manteve à frente das rivais. Rebeca  foi a última a se apresentar e, muito firme, ela passou pelo aparelho  com 13,666 pontos.  A arbitragem havia dado um décimo a menos de dificuldade, mas o recurso pedido pela equipe brasileira subiu a nota de Rebeca e ela caiu para a segunda posição, apenas um décimo atrás de Sunisa Lee.

O último aparelho foi o solo. A briga por medalhas ainda estava intensa e nada estava decidido. Das candidatas ao pódio, Urazova foi a primeira a se apresentar e fez uma série bem executada, mas com menor grau de dificuldade. Tirou 13,400 e acabou ultrapassada pela compatriota Melnikova, que ficou com 13,966 no solo. Sunisa Lee passou bem, conseguiu 13,700 pontos e passou as duas russas. A brasileira foi a última das favoritas a competir. Ela foi com muita força na primeira acrobacia e acabou dando um passo grande para fora do tablado. Porém, ela se recuperou e cravou as passadas seguintes e deu um passo para fora apenas na última acrobacia. Foi o que lhe tirou o ouro, mas lhe rendeu 13,666 pontos para conquistar a inédita prata.

Mais Rebeca Andrade e baile de favela

A ginasta brasileira tem mais duas chances de continuar escrevendo seu legado na história da modalidade brasileira. Ainda teremos mais  duas finais por aparelhos em Tóquio: domingo no salto, e segunda-feira no solo. Flávia Saraiva também terá sua chance na final da trave.