Sessanta e um anos é muito tempo, mas na Suíça esse tempo durará até a eternidade, pois o Esporte a Motor foi banido do país depois do trágico acidente nas 24 horas de Le Mans de 1955, o qual matou 84 pessoas. No entanto, isso não impediu o país de produzir alguns dos pilotos mais talentosos das series de sportscars. 

Em 2016, Neel Jani tornou-se, com a Porsche, o terceiro piloto suiço campeão do Mundial de Endurance, desde a reformulação do campeonato em 2012, e se juntou ao time de Marcel Fässler, vencedor do certame pela Audi na estreia do WEC, e Sebastien Buemi, campeão pela Toyota em 2014.

Não somente, nesta temporada mais pilotos suíços ingressaram no campeonato. São eles Simon TrummerMathéo Tuscher, Alexandre Imperatori, Mathias Beche e Joel Camathias, ficando atrás apenas de Reino Unido e Alemanha, quanto ao número de pilotos que participam do WEC. Então, qual seria o segredo?

A Suíça não é vista como um país que ama bravamente o automobilismo, mas aqueles que vêm dos alpes têm o esporte no sangue. Isso porque lá, o Downhill é uma obcessão nacional, sendo os suíços os principais campeões de sempre nas categorias. E, portanto, não há um grande salto "em termos de emoções" até se chegar no Esporte a Motor. 

Além disso, o sucesso da Suíça no Automobilismo não é um fenômeno tão recente. pois o país já teve anteriormente grandes nomes nos principais certames mundiais, a exemplo de Clay Regazzoni, que disputou 139 Grandes Prêmios na Fórmula 1, Jo Siffert, lendário piloto da Porsche nas décadas de 60 e 70, Alain Menu, campeão do BTCC e vencedor de várias corridas no WTCC. 

E não é só pilotos que a Suiça tem produzido. A quantidade de times que tem sede no país e que são de lá originados também é considerável. Exemplos claros é a Rebellion Racing, figura carimbada no Mundial de Endurance desde 2012, a equipe Sauber na F1, a qual tem sede em Hinwil. Além delas, a Matech Competition, cliente da Ford nos tempos da categoria GT1 e que foi responsável por levar Romain Grosjean para Le Mans. 

Apesar de o Automobilismo ser banido do país há muito tempo, o Kartismo na Suiça tem um cenário bem produtivo, e não existe limitações para os pilotos em dar um próximo passo. Isso porque o país faz fronteira com grandes potências do Esporte a Motor: Itália, ao Sul, Alemanha e Alemanha, ao Norte.

Por exemplo, Marcel Fässler teve experiências formativas na França antes de se mudar para a Alemanha e se encontrar no DTM. Já Sebastien Buemi, participou da Fórmula BMW e andando muito bem, sendo contratado pela Red Bull em seguida. Quanto ao trio de pilotos da Rebellion, Tuscher-Imperatori-Beche, eles foram ainda mais longe e participaram de certames na Ásia, dando ao trio experiência inestimável de corridas de culturas completamente diferentes.

Fässler, Buemi e Jani não foram os primeiros campeões mundiais suíços no cenário resistência e certamente não serão os últimos. Com a abundância de mais jovens na "linha de produção", o legado suiço no Esporte a Motor certamente continuará por muitos anos.