Em 20 de maio de 2019, o mundo da Fórmula 1 perdia o ex-piloto Nikolaus Lauda, ou somente Niki Lauda. Depois de pagar para entrar na categoria, ele foi descoberto pela Ferrari, que apostou e faturou com o talento do austríaco. Mas o acidente de 1976 desacelerou sua carreira, que voltou com a audaciosa McLaren em 1982.

Agora, exatamente um ano depois de sua morte, relembre os melhores momentos da carreira de sucesso de um piloto que marcou época.

Início da trajetória na Fórmula

A Ferrari de Lauda em 1974 (Foto: Reprodução / Ferrari)
A Ferrari de Lauda em 1975 (Foto: Reprodução / Ferrari)

Nikolaus Lauda começou sua carreira no automobilismo em 1968, quando teve destaque na Fórmula 3 e se encaminhou à Fórmula 2 antes de chegar à Fórmula 1, levando parte de seu dinheiro pessoal para a então pequena equipe March.

Na F1, Estreou no Grande Prêmio da Áustria de 1971. Sua primeira corrida não foi boa e abandonou por problemas mecânicos. N ano seguinte, em 1972, seguiu como segundo piloto da equipe e, em 1973, comprou uma vaga na equipe BRM graças a um empréstimo que fez.

Em 1974, Niki Lauda foi indicado por Clay Regazzoni para pilotar o vermelho da Scuderia Ferrari. Ali estava sendo assinado o primeiro contrato remunerado do piloto na Fórmula 1. E foi logo com  um pódio em sua estreia — segunda posição no GP da Argentina — que mostrou seu talento numa das maiores equipes da categoria.

Venceu seu primeiro Grande Prêmio em Jarama, na Espanha, a quarta corrida que disputou na Fórmula 1 com um carro competitivo. E foi em 1975, quando conseguiu vencer cinco provas — sendo que em quatro delas conquistou a pole position —, Lauda levantou seu primeiro troféu de campeão mundial da principal categoria automobilística do mundo. Mas, no ano seguinte, sua carreira mudou.

O acidente na Alemanha

Lauda logo após sair do hospital (Foto: Reprodução / F1)
Lauda logo após sair do hospital (Foto: Reprodução / F1)

Após o primeiro título, Niki Lauda seguiu num ritmo competitivo em 1976, porém o acidente em Nürburgring mudou sua vida. No GP da Alemanha daquele ano, seu carro pegou fogo numa batida, e o piloto ficou preso nas ferragens por vários minutos. O incidente quase matou o austríaco. Quando foi encaminhado para o hospital da região, a família até chamou um padre para lhe dar a extrema unção (uma "benção" antes de morrer).

O pior não aconteceu, no entanto, mesmo com todos os esforços da equipe médica, as graves queimaduras consumiram parte da orelha direita de Lauda.

Retorno às pistas

Toda tragédia ainda foi contornada em 1976. Ainda que não estivera 100% fisicamente, Lauda voltou às pistas e só perdeu o título mundial para o inglês James Hunt na última corrida, o GP do Japão.

O ápice novamente foi alcançado pelo austríaco, agora na equilibrada temporada de 1977, ano em que venceu três corridas e conquistou seu bicampeonato. Mas, ao final daquele ano, deixou a Ferrari para ir à Brabham-Alfa Romeo, dirigida então por Bernie Ecclestone. O conjunto o ajudou a vencer duas corridas e chegar a cinco pódios em 1978. Entretanto, as quebras rotineiras o deixou fora da disputa pelo título mundial.

Um ano depois, em 1979, somou apenas quatro pontos no campeonato, o decepcionando enormemente ao fim da época. E foi assim que Niki Lauda abandonou a categoria para se dedicar a sua empresa de aviação aérea.

Aposentadoria que nada

Durante o tempo que ficou afastado da Fórmula 1, o austríaco aprimorou sua carreira de empresário. Tomou conta mais de perto de sua companhia aérea, além de ser comentarista e repórter de F1. Entretanto, em 1982 recebeu uma ótima proposta financeira da audaciosa McLaren para voltar a ser piloto. E Lauda disse "sim".

Foram necessários somente duas corridas para Niki voltar a vencer corridas: o GP de Long Beach e o da Grã-Bretanha. Mas no ano de seu retorno não passou do quinto lugar no mundial de pilotos.

Em 1983, não tinha condições de competir com as equipes que tinham motor turbo. Assim, Lauda pouco fez no campeonato: sem vitórias e apenas dois pódios (terceiro no GP do Brasil, em Jacarepaguá, e segundo no GP do Oeste dos Estados Unidos, em Long Beach). Quando faltavam quatro provas para o término, a McLaren iniciou o desenvolvimento com o motor Porsche, o que não mudou muito o resultado de 1983, e o piloto austríaco fechou o ano em décimo lugar.

Lauda e Prost no GP de Portugal em 1984 (Foto: Reprodução / McLaren)
Lauda e Prost no GP de Portugal em 1984 (Foto: Reprodução / McLaren)

Alain Prost era o favorito para a temporada de 1984, enquanto Lauda era um tão desacreditado. E aconteceu justamente ao contrário. Com cinco vitórias, o austríaco levou a melhor no final sobre as sete do francês (uma dessas vitórias de Prost, no GP de Mônaco, por causa da chuva, o francês somou apenas metade dos pontos enquanto Lauda abandou). Então, com 72 pontos contra 71,5, Niki Lauda foi campeão, com Alain Prost vice.

Com o tricampeonato, o austríaco tentou defender o título em 1985. O ano foi decepcionante, pois venceu apenas uma corrida e abandou em 12 das 15 provas da temporada. Então, com a aposentadoria definitiva ao fim do ano, sua última prova na carreira foi o Grande Prêmio da Austrália, porém abandonou tal corrida depois de um acidente no final da reta Brabham. E foi com o décimo lugar na classificação final que o Nikolaus Lauda deu adeus ao grid da Fórmula 1.

Ao passar a carreira de piloto, o austríaco ainda trabalhou nos bastidores da Ferrari nos anos 90, na Jaguar, de 2001 a 2003, e na Mercedes, de 2012 a 2019, inclusive participando da negociação que levou Lewis Hamilton à equipe alemã.

Poderia ter sido tetracampeão

Foto: Reprodução / F1
Foto: Reprodução / F1

Até hoje, muito se fala sobre o talento de Niki Lauda. Sem dúvida nenhuma, marcou uma geração de apaixonados pelo automobilismo. Há quem diga que se não fosse o acidente em 1976, o austríaco teria o título daquele ano no currículo, sendo assim um tetracampeão.

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