Melbourne, Austrália. Dia 21 de janeiro de 2016. Lleyton Hewitt enfrentaria o cabeça de chave número oito do torneio - o experiente David Ferrer da Espanha - em partida válida pela segunda rodada do Australian Open. O australiano já havia declarado que, caso perdesse, seria a última partida de sua carreira como tenista profissional. Dois dias antes, o ex-número um do mundo havia vencido o compatriota James Duckworth por três sets a zero, com parciais de 7/6 6/2 e 6/4, para adiar sua partida de despedida.

Agora, o desafio seria ainda maior. Seu próximo adversário, Ferrer, vinha de uma longa fase parado por conta de uma lesão. Vestindo uma camisa estampada com a bandeira australiana, como não poderia deixar de ser, Hewitt pendurou a raquete de maneira honrosa e demonstrando muita raça e competência, características que o marcaram durante toda sua trajetória como tenista profissional. 

Sua vontade infinita e dedicação ao esporte o levaram a grandes conquistas, escrevendo seu nome no Hall da Fama do Tênis. Além de número um do mundo durante quase dois anos, Hewitt tem dois títulos de Grand Slam no currículo: o US Open de 2001 e Wimbledon de 2002. 

US Open de 2001: O primeiro Major

Em agosto de 2001 Lleyton Hewitt, então 4º colocado no ranking da ATP, vinha desacreditado. O jovem tenista australiano de 20 anos nao havia conseguido repetir as boas campanhas de um ano antes: caiu na terceira rodada no Grand Slam disputado em sua casa - o Australian Open - e foi eliminado na quarta rodada do torneio de Wimbledon. O resultado que salvara a temporada até então foi a fase de quartas de final em Roland Garros, na qual havia sido eliminado pelo espanhol Juan Carlos Ferreiro.

Agora, a pressão crescia sob suas costas: teria de defender a semifinal em Nova Iorque do ano anterior, quando surpreendeu a todos e só foi derrotado pelo tenista da casa, Pete Sampras. A sorte o ajudou: pegou uma chave relativamente tranquila para o torneio que viria a ocorrer. Na estreia ganhou facilmente do sueco Magnus Gustafsson em sets diretos. Na próxima rodada enfrentaria um jovem convidado pela organização: James Blake e quase se complicou. Venceu somente no quinto set, no qual aplicou um avassalador 6/0 sobre o jovem.

As próximas partidas foram mais tranquilas: ganhou do espanhol Albert Portas - 25º cabeça de chave - por três sets a zero e perdeu um set para o alemão Tommy Haas - 16º favorito ao título. Nas quartas de final veio o primeiro grande desafio: teria de ganhar da revelação da casa, Andy Roddick. A vitória veio de virada por suados três sets a dois, com parciais de 6/7 6/4 6/3 3/6 e 6/4. Nas semifinais jogaria contra o russo Yevgeny Kafelnikov que vinha de vitória sobre o número um do mundo, Gustavo Kuerten. Com parciais de 6/1 6/2 e 6/1, Hewitt mandou o russo de volta para casa.

O próximo jogo seria a primeira final de Grand Slam da carreira do jovem australiano e justamente contra o principal nome da casa, Pete Sampras, que havia o eliminado nas semifinais um ano antes. A vingança veio e com ela, seu primeiro título de Grand Slam da carreira: venceu em sets diretos, com parciais de 7/6 6/1 e 6/1.

Wimbledon 2002: Uma surpresa na grama sagrada

Com apenas 20 anos, Hewitt havia encerrado o ano de 2001 como número um do mundo. O ano de 2002 começava bem para o australiano. Apesar de ter surpreendentemente caído na primeira rodada do Australian Open, emplacou uma sequência de boas campanhas: foi campeão de um ATP 250 em San Jose, nos Estados Unidos, ganhou o Masters 1000 de Indian Wells e o torneio preparatóio para o terceiro Major da temporada, o tradicional ATP 250 de Queen's em quadras de grama. Além de ter chegado às oitavas de final de Roland Garros.

Após a boa campanha em 2001, quando chegou à fase de oitavs de final, a chave sorriu para Hewitt no ano seguinte. Como cabeça de chave número um do torneio, não teve de enfrentar nenhum cabeça de chave até as quartas de final. No caminho, venceu o sueco Jonas Bjorkman, o qualifying francês Gregory Carraz, o austríaco Julian Knowle e o russo Mikhail Youznhy. Todas vitórias sem perder um sets sequer.

Nas quartas de final, enfrentaria o holândes Sjeng Schalken - 18º cabeça de chave. A vitória veio somente no quinto set, com parciais de 6/2 6/2 6/7 1/6 e 7/5. Nas semifinais, o adversário era o dono da casa e 4º colocado no ranking mundial, Tim Henman. Em sets diretos, o britânico deu adeus aos seus sonhos de vencer Wimbledon, Henman foi derrotado por três sets a zero, com parciais de 7/5 6/1 e 7/5. O adversário na decisão seria o surpreendente argentino David Nalbadian - 28º no ranking da ATP. Favorito, Hewitt não deu esperanças ao argentino: venceu em três sets a zero, com parciais de 6/1 6/3 e 6/2, para vencer seu segundo título de Grand Slam da carreira e justamente o mais tradicional: Wimbledon.