Rui Patrício chegou ao Sporting Clube de Portugal com 12 anos. Seis anos depois, em 2006, estreou-se na equipa principal, defendendo com sucesso uma grande penalidade e segurando a vitória da equipa. É o dono da baliza do Sporting desde 2007/2008. E depois de vários jogos nas balizas dos escalões jovens da selecção nacional, e de sucessivas chamadas para o banco da selecção sénior ou para a sua lista de reservas, Rui Patrício estreia-se nas redes da Selecção A em Novembro de 2010, jogando a segunda parte de um amigável frente a uma Espanha campeã do mundo, que Portugal goleou por 4-0. Desde o Euro 2012 é o guardião preferencial da selecção nacional. Tem contrato com os leões até 2018.

Guarda-redes por acaso

Rui Patrício, nascido a 15 de Fevereiro de 1988 em Marrazes (Leiria), não começou a carreira na baliza. O Sport Clube Leiria e Marrazes, onde jogaram o seu pai e os seus cinco tios, treinava-o como avançado, explorando-o no flanco esquerdo (ainda em futebol de sete), quando um dia o guarda-redes da equipa se zangou e abandonou a equipa, e Patrício, que na idade já se diferenciava pela elevada estatura (mede, hoje, 1,90m), ocupou o seu lugar, surpreendendo e demonstrando notáveis aptidões para a posição. O seu então treinador, João Rocha, recorda: «Ficou e pegou de estaca. Tinha habilidadeRui Patrício não voltaria a abandonar a baliza.

Um torneio de jovens em Pataias, onde o Sport Clube Leiria e Marrazes competiu, foi onde um olheiro do Sporting primeiramente viu Rui Patrício jogar, e desde então que o clube de Alvalade não deixaria de acompanhar o percurso do jovem guardião. Rui Patrício tinha apenas 11 anos quando, através de Aurélio Pereira, responsável pelo recrutamento da Academia do Sporting, lhe chegou o convite para ingressar no clube verde e branco. A família era benfiquista e do clube da Luz terá havido também interesse em contratar Patrício, mas Paulo Silva, último treinador do guarda-redes no Marrazes, aconselhou a família a aceitar as condições oferecidas pelo clube de Alvalade. O mesmo Paulo Silva, porém, propôs que Rui Patrício não fosse viver para Alvalade imediatamente nesse ano, por ser ainda muito novo para se separar da família. O guardião passaria, por isso, a treinar em Alvalade duas vezes por semana, e no clube da sua terra nos restantes dias. Os vários transportes que precisava de tomar entre Leiria e Lisboa, bem como as mais de duas horas que por vezes demorava no trajecto, acabariam por contribuir para que, um ano depois, o jogadores se mudasse definitivamente para a capital, a fim de se integrar exclusivamente nas camadas jovens do Sporting, e passando a viver no Lar dos Jogadores, no antigo Estádio José de Alvalade. Assim, no ano de 2000, e após três anos na baliza do clube de Leiria, Rui Patrício chegava ao Sporting, numa transferência de cerca de 1500 euros.

Patrício estreou-se no Sporting em 2006. Em 2012, tornava-se o principal guarda-redes da selecção portuguesa. (Foto: Público)

O defensor de grandes penalidades

Chegado ao Sporting com 12 anos, a estreia no plantel principal chegaria aos 18, devido às lesões de Ricardo e de Tiago. Patrício entrava em campo numa difícil deslocação do Sporting ao terreno do Marítimo, e entrava para se revelar o herói. Com o Sporting a vencer por uma bola a 15 minutos do apito final, o assinalar de uma grande penalidade a favor dos madeirenses poderia deitar tudo a perder, mas Patrício impôs-se e defendeu, garantindo os três pontos aos leões. Paulo Silva, técnico do jogador no Marrazes, afirma que essa é herança que Patrício já traz de outros tempos, salientando que, no clube da sua terra, o actual guardião do Sporting e da Selecção defendia 80% dos penalties. Não desvendando qual o segredo da sua eficácia, Rui Patrício já afirmou, porém, que prefere esperar pelo pontapé do marcador para se atirar, ao invés de escolher um lado da baliza e antecipar o mergulho.

Rui Patrício já por diversas vezes mostrou os seus dotes no impedir da conversão dos castigos máximos no futebol, mas as forças do «Marrazes», como o apelida o seleccionador Paulo Bento, não se ficam por aí. Rui Patrício habitualmente sai bem aos lances pelo ar, em cantos ou cruzamentos; é de reflexos rápidos e bons instintos em tiros à queima-roupa; e revela-se também competente nos duelos com os avançados, quando é hora de fazer a mancha. As fraquezas do guardião são, ocasionalmente, remates de maior distância, onde acaba por revelar algumas falhas quanto ao posicionamento, que o prejudicam no momento de se lançar para a bola, e também no jogo com os pés. Ainda que este seja ponto em que Rui Patrício tem trabalhado – e melhorado − nos últimos anos, não é sólido na colocação da bola em terrenos adiantados por meio de pontapés de baliza, ou mesmo quando procura afastar a bola com os pés, algo que se viu, por exemplo, no último embate entre Portugal e Israel, com um pontapé falhado do guardião a servir um dos adversários e a permitir o empate aos israelitas.

Rui Patrício sai dos postes para socar a bola. (Foto: Rumo ao Estrelato)

O orgulho de jogar no Sporting

«Desiludido? De forma alguma! (…) Seria um orgulho!», foi a resposta de Patrício, quando um dia inquirido sobre a hipotética desilusão por fazer toda a carreira na baliza do Sporting.

Apesar de, a cada janela de transferências, serem vários os clubes a perguntar por Patrício, ou onde os rumores o dão como próximo guardião, como Manchester United, Liverpool, Arsenal ou Mónaco, o certo é que o jogador tem permanecido no Sporting. O clube de Alvalade não parece disposto a prescindir do seu guarda-redes – a quem os adeptos carinhosamente chamam São Patrício, em virtude das muitas defesas que no passado valeram pontos à equipa − por menos de 15 milhões de euros, e talvez com razão: de acordo com o transfermarkt, site alemão, Rui Patrício é o sexto guarda-redes mais valioso do Mundo, com um valor estimado em 20 milhões de euros, numa lista encabeçada por Manuel Neuer e onde também está presente Petr Cech (3º lugar), o ídolo do guarda-redes leonino.

De momento, porém, Rui Patrício não parece pensar senão no clube do leão. Aliás, em 2012, renovou até 2018 com o Sporting, tendo a cláusula de rescisão duplicado o seu valor, para se fixar em 40 milhões, e o salário triplicado para 90 mil euros mensais, fazendo dele um dos jogadores mais bem pagos do plantel.