O ano de 2013 foi sem dúvida memorável para o Clube de Futebol “Os Belenenses”. Começando a temporada na Segunda Liga, a equipa do Restelo dominou por completo o campeonato do segundo escalão, conquistando-o com larguíssima vantagem (23 pontos sobre o 2º classificado).

A merecida subida à Liga Zon Sagres trouxe consigo novos desafios e muitas alterações no plantel azul. Após um início de temporada de contornos dramáticos (dentro e fora de campo), o histórico clube lisboeta lá conseguiu encontrar o seu ritmo, amealhando pontos (alguns deles inesperados) de forma mais frequente na luta pela permanência.

Mas puxemos o filme atrás.

A Onda Azul

A entrada em 2013 deu-se da melhor forma para os azuis do Restelo, uma vitória em casa diante do Sporting B, adversário directo na luta pela liderança do campeonato, e que dava uma vantagem mais confortável ao Belenenses na tabela classificativa. Até final do mês, os comandados de Mitchell Van der Gaag somaram mais duas vitórias e um empate, acabando Janeiro com 14 pontos de vantagem para o 2º classificado.

Fevereiro trouxe um registo em tudo idêntico; três vitórias e um empate garantiam uma vantagem de 18 pontos, agora sobre o Arouca, e um caminho aparentemente tranquilo rumo, não só à subida, como ao título de campeão da Liga Cabovisão.

Tal feito acabou mesmo por surgir no final de Março. Após três vitórias consecutivas, o Belenenses visitou Penafiel e garantiu a subida à Liga Zon Sagres…com uma derrota. Os azuis perderam por 2-0 (apenas a terceira derrota da época), mas beneficiaram da derrota do Santa Clara, e do empate da Oliveirense para garantir desde logo a subida com ainda nove jornadas por disputar. A onda azul formada desde o início da temporada levara a caravela de Belém a bom porto.

Até final do campeonato, o Belenenses limitou-se a fazer a festa. A juntar à festa da subida, a equipa da Cruz de Cristo garantiu ainda o já esperado título de campeão da Liga Cabovisão, isto após uma vitória diante do Sporting B por 1-3, a 13 de Abril. Mas a onda azul não se limitava ao campeonato; com efeito, o Belenenses acabou por chegar às meias-finais da Taça de Portugal, acabando por ser eliminado pelo futuro vencedor da prova, o Vitória de Guimarães.

Sofrimento e resiliência

A temporada 2013/2014 trouxe algumas alterações na equipa de Belém. Por um lado, Van der Gaag via sair jogadores influentes como Nélson ou Desmarets (melhor marcador da temporada anterior); por outro o treinador dos azuis contava com reforços como os islandeses Danielsson e Jonson, ou o jovem Miguel Rosa, oriundo da formação do Benfica.

Depois de uma pré-época sem sobressaltos, chegava o início da temporada. Foi o Rio Ave quem apadrinhou o regresso do Belenenses ao escalão maior do nosso futebol, contudo as cerimónias ficaram por aí, já que os vila-condenses venceram por claros 0-3.

As jornadas que se seguiram apenas agudizaram a delicada situação da equipa na tabela; mais três derrotas diante de Braga, Académica e Nacional pareciam ter erguido um muro que destruíra a outrora imparável onda azul.

O coração e a união

O final de Setembro constituiu um período decisivo na temporada do Belenenses. No encontro frente ao Marítimo, e que significou o primeiro triunfo da equipa, o treinador Mitchell Van der Gaag foi obrigado a abandonar a partida, acabando por ser hospitalizado. O diagnóstico apontou para um problema cardíaco, algo que impedia o holandês de comandar a equipa.

Este dramático acontecimento teve o condão de unir a equipa, dando-lhe um espírito apenas comparável com a temporada anterior. Exemplo disso foi o primeiro jogo sem Van der Gaag: uma visita ao Estádio da Luz; aí viu-se a resiliência e garra de uma equipa que acabou por sair da Luz com um empate.

Desde essa altura os resultados da equipa melhoraram razoavelmente, excepção feita para a eliminação da Taça de Portugal às custas da Académica. Contudo o principal destaque vai para a subida considerável de rendimento da equipa, algo que permitiu arrancar um empate diante do campeão nacional, FC Porto.

O Belenenses fecha 2013 em 13º lugar com 12 pontos, apenas três acima da linha de água. É de esperar que as melhores exibições da equipa comecem a traduzir-se em pontos, tendo em vista a manutenção deste clube histórico na primeira divisão.