A lesão de Nani, a estreia de Liedson, a qualidade de Eduardo e o jogo veloz de Coentrão. Assim se pode resumir o jogo português ao longo de todo o Mundial de 2010. Com uma despedida antecipada face à prestação da equipa, a falta de concentração e a falta de jogo sério ditaram o Adeus da Selecção Portuguesa da competição rainha do futebol mundial e o consequente despedimento do Seleccionador Nacional Carlos Queiroz (que chega ao Mundial do Brasil ao comando da Selecção Iraniana).

Os guerreiros de Queiroz

Carlos Queiroz já era conhecido de todos os portugueses por ter levado a geração de ouro à vitória no Mundial de sub-21 e na sua primeira prova de fogo, o Mundial de 2010, acabou por levar os 23 perfeitos. A surpresa da convocatória? A falta de Patrício e a ida de Liedson.

Guarda-redes: Beto, Daniel Fernandes e Eduardo.

Defesas: Miguel, Paulo Ferreira, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Rolando, Zé Castro, Duda e Fábio Coentrão.

Médios: Pedro Mendes, Pepe, Tiago, Raúl Meireles, Deco e Miguel Veloso.

Avançados: Simão Sabrosa, Danny, Liedson, Hugo Almeida, Nani (substituído por Rúben Amorim devido a lesão) e Cristiano Ronaldo.

O Grupo Perfeito, ou talvez não

Curioso, ou talvez nem tanto, no último Mundial a Selecção Portuguesa também estava presente no Grupo G juntamente com o Brasil, a Costa do Marfim e a Coreia do Norte. A verdade é que o ex-penta-campeão do Mundo parecia ser um dos maiores obstáculos na chegada a terras africanas.

No jogo de abertura, a equipa comandada por Carlos Queiroz recebeu os elefantes de Drogba e Yaya Touré e apesar da prestação ter deixado a desejar, a equipa das quinas conseguiu um empate crucial para as contas do Grupo G. O Brasil tinha recebido a Coreia do Norte e venceu por 2-1. O empate não era, de todo, o melhor resultado, ainda assim era necessário ter o pensamento positivo e deixar que a segunda jornada decidisse as contas para a passagem à próxima fase da prova.

(Foto:Fifa.com)

Teoricamente, a Coreia do Norte era a equipa mais fraca deste grupo, mas depois de ter marcado um golo ao Brasil, a vida facilitada podia ser um mau presságio. Ainda assim, era preciso a bola começar a rolar para ter alguma certeza. Queiroz pôs em campo os melhores, de Eduardo a Liedson, todos eles tiveram a oportunidade de brilhar.

A vitória acabou por ser esmagadora: 7-0. Meireles foi o primeiro a fazer o gosto ao pé (29'), depois do intervalo foi a experiência de Simão Sabrosa que lhe deu o golo aos 53' minutos de jogo, mas não foi preciso esperar muito tempo para ver a estrela do Besiktas, Hugo Almeida, fazer o golo também. O 3-0 antes do minuto 60 parecia animar a Selecção, de tal modo que foi Tiago a fazer o golo ainda antes de se chegar aos 10 minutos do segundo tempo. Mas se até ali os golos tinham aparecido todos de rajada, para chegar ao 5-0 tivemos de esperar mais 20 minutos. No Mundial de estreia pela Selecção das Quinas, Liedson marcou. O antigo jogador do Sporting aproveitou o cruzamento de Miguel Veloso e sem dó, nem piedade, acabou por mostrar a qualidade e a capacidade incrível para o golo. E quando todos achavamos que o jogo teminaria por ali, Ronaldo marcou.

A 3 minutos do fim, o Capitão da Selecção fez o golo que há tanto ansiava, ainda assim acabou por sobrar tempo para Tiago fazer o bis, já em cima dos 90.Estava feito o resultado. Domínio luso, qualidade comprovada e estilo de jogo preciso deram a Selecção o que era preciso para chegar à última jornada e enfrentrar o Brasil olhos-nos-olhos.

Um jogo cheio de estrelas de qualidade comprovada, sem favoritismos e com bom futebol. Foi com esta certeza que a Selecção Portuguesa chegou ao último jogo da fase de grupos. Depois de uma vitória esmagadora, a equipa de Queiroz chegava ao terceiro jogo da fase de grupos sem um único golo sofrido. A capacidade de voo de Eduardo tinha salvo a equipa de males maiores e o brilho acabaria por ser dado apenas ao avançados na marcação dos golos na baliza contrária.

Olhos-nos-olhos e pé na bola. Foi assim que a equipa das quinas entrou em campo frente ao poderoso Brasil. Com oportunidades flagrantes para os dois lados, as grandes estrelas do encontro acabaram por ser os guarda-redes Eduardo e Júlio César. 90 minutos sem golos e com uma grande penalidade por assinalar a favor da equipa portuguesa, a Seleção das Quinas passava agora à fase seguinte da prova. E se o último jogo na fase de grupos acabou por ser a prova de fogo, o jogo dos oitavos-de-final acabou por ser o último Adeus.

O vermelho da despedida

No jogo dos oitavos-de-final, a Selecção das Quinas ia encontrar a poderosa Espanha. A equipa de Del Bosque, com estrelas em todas as posições dentro de campo parecia ser um osso duro de roer, ainda assim, o empate com o Brasil dava alguma esperança à equipa portuguesa que manteve presente a vitória frente à equipa espanhola feita em 2004 na fase de grupos (vitória lusa por 1-0 com um golo de Nuno Gomes aos 57' minutos).

(Foto: AFP)

Era tempo de voltar a vencer, era tempo de voltar a jogar a sério e apesar de parecer impossível bastava acreditar, jogar como se jogou frente ao Brasil e deixar o tempo passar. As escolhas para o onze inicial pareceram fiar áquem das expectativas de todos os portugueses, ainda assim na chegada ao intervalo o resultado mantinha-se nulo e a esperança continuava a fazer parte da equação.

Mas, se até aqui, as coisas não estavam a correr mal para a Seleção Nacional, o golo de David Villa acabou com elas. Aos 63 minutos, o número 7 espanhol fez o golo e sonho pareceu cair por terra. Era precisa uma substituição forte, era crucial continuar a atacar, era importante não desistir, porque afinal ainda haviam mais de 20 minutos para jogar.

(Foto: Mais Futebol)

A substituição necessária não chegou e mal Héctor Baldassi apitou para o final da partida, o Adeus era certo. A frustação era muita, tal como a tristeza aliada ás numerosas faltas que ficaram por marcar a favor da equipa portuguesa estavam presentes na cabeça de todos os portugueses, sobretudo dos jogadores. Cristiano Ronaldo foi o rosto da frustação e quando lhe foi perguntado, em zona-mista, o porquê da derrota, o capitão português, não tardou em responder com o coração: «Perguntem ao Queiroz».

No Mundial deste ano, a Selecção Portuguesa chega como uma das favoritas, com um novo treinador e com uma nova postura e desta vez pode ser que a estrelinha da sorte brilhe para o lado lusitano e para os guerreiros de Paulo Bento.

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Sobre o autor
Mariana Cordeiro Ferreira
Transpiro futebol por todos os poros