A rivalidade pode ser crescente e as assimetrias qualitativas entre si podem até estar cada vez mais esbatidas, mas, na verdade, o Sporting de Braga ainda tem um longo percurso a percorrer quando se trata de derrubar o Benfica em duelos da liga portuguesa - em cerca de 70 anos de confrontos entre Benfica e Braga, para a liga nacional, apenas por uma histórica vez os arsenalistas foram capazes de deixar o reduto encarnado com os três pontos.

Mario Imbelloni: o nome do argentino ainda ecoa no passado 'guerreiro'

Aconteceu no longínquo ano de 1954 e, desde então não mais o SC Braga conseguiu invadir a Luz e de lá sair com os três pontos - mesmo durante a progressão fantástica que o clube de Braga sentiu, principalmente no começo deste milénio, as deslocações à Luz, para a Liga, continuaram a ser de má memória para a turma bracarense, que ainda busca reeditar a magra mas estóica vitória de 1954, jogada no Nacional do Jamor, à oitava jornada da Liga 1954/1955.

O único golo dessa distante partida foi marcado pelo histórico atacante argentino Mario Imbelloni, aos 69 minutos. Imbelloni, jogador que passou pelo San Lorenzo, Real Madrid e Nice antes de chegar a Braga, acabou a sua carreira de atleta a militar no Sporting Clube de Portugal, em 1956, dando depois disso seguimento a uma carreira de treinador que foi maioritariamente vivida em solo português (Braga, Sporting, Atlético CP, Académica, Famalicão e Vitória SC).

Desde 1999: Braga guerreiro faz mossa...mas em casa

Mas, se a poeira e o saudosismo dos tempos nos dizem que o SC Braga apenas por uma vez na sua História bateu o Benfica na Luz, em jogos do campeonato, a mesma História nos diz que o passado recente tem demonstrado o brio bracarense, e, se ignorarmos o filtro das partidas jogadas na Luz, verificamos que o Braga tem apresentado uma forma que raramente apresentou contra o Benfica em toda a sua História - 5 triunfos na Liga sobre os benfiquistas nos últimos 10 anos.

É certo que todos eles foram obtidos no reduto da Pedreira, em Braga, mas tal coerência competitiva demonstra bem o crescente poderio bracarense e o gradual esbatimento das outroras amplas assimetrias qualitativas entre os dois clubes. Se atentarmos ao período competitivo entre 1985 e 1998, verificamos que tal ascensão estava ainda por traçar - em 28 jogos da Liga, o Braga não venceu um único ao Benfica. Depois de 1999, o Braga guerreiro despertou.

Registaram-se oito vitórias bracarenses (todas elas em casa) desde 1999 - é na temporada de 1998/1999 que os arsenalistas dão o primeiro mote da revolta, caseira é certo, mas efectiva. A partir daí, as deslocações do Benfica a Braga tornaram-se uma viagem espinhosa que todos sabiam ser disputada até ao fim das forças. O Braga começou por vencer por 2-1 em 1999, e logo em 2000, nova vitória caseira por 3-2; em 2001, vitória categórica por 3-1, com golos de Luís Filipe (2) e Zé Roberto.

Braga sabe como derrotar Benfica de Jesus

O Braga voltou a bater o Benfica por 3-2 em 2005 e por 3-1 no ano a seguir, mostrando viver um período aúreo que se compatibilizava com uma ascensão no panorama nacional, tornando-se uma das melhores equipas portuguesas da actualidade, muitas vezes conhecido pelo epiteto de «quarto grande». Nova vitória bracarense na Pedreira por 2-0 na temporada 2009/2010, já contra a armada vermelha liderada por Jorge Jesus. O técnico do Benfica voltaria a sofrer: em 2010/2011, nova vitória arsenalista, por 2-1.

A última vitória do SC Braga, última derrota imposta ao Benfica da era Jorge Jesus (no campeonato) verificou-se na presente temporada: o Benfica, líder, visitou a Pedreira até começou a vencer (golo de Talisca a passe de Eliseu) mas a reacção bracarense foi forte e chegou para virar do avesso o resultado e o favoritismo das águias. Éder empatou o jogo e Salvador Agra fez o 2-1 para gáudio da plateia da casa.

Agra festeja o 2-1

Na temporada 2014/2015, o Braga tem sido superior ao Benfica e por duas vezes o demonstrou: nas duas partidas realizadas entre Benfica e Braga (uma para a Liga e outra para a Taça de Portugal, na Luz) os arsenalistas de Sérgio Conceição bateram as águias pelo resultado de 2-1. A mesma narrativa ocorreu no jogo da Taça: o Benfica inaugurou o marcador (Jonas, de cabeça) mas o Braga deu a volta ao texto, com golos de Aderlan Santos e do colombiano Pardo.