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Derby della Madonnina: histórias e personagens marcantes

Conheça um pouco mais sobre a história desse inigualável dérbi de Milão

Derby della Madonnina: histórias e personagens marcantes
Rivera x Mazola em um de seus grandes confrontos na década de 60
cairesluciano
Por Luciano Caires Júnior

Este domingo (31) não será um dia qualquer. A Itália e o mundo do futebol irão parar pela 216ª vez para presenciar o confronto entre Milan e Internazionale pela Serie A. O duelo não é mais o clássico brilhante técnicamente como se via na década de 60 com Rivera e Mazola, por exemplo, ou até mais recentemente na década de 90, com MatthäusVan Basten. As equipes não brigam há um bom tempo por Uefa Champions League, mas ainda é, e deve ser, um dos maiores dérbis do mundo.

Antes de tudo, uma breve aula de história: o nome "Della Madonnina", pelo qual é conhecido o derby, vem da imagem religiosa de Virgem Maria, que fica acima da Catedral de Milão, símbolo da capital italiana e da cidade das duas equipes. 

As estatísticas mais recentes deixam o time da Inter com uma ligeira vantagem em vitórias e no número de gols. São 77 triunfos nerazzurri e 292 gols, contra 75 vitórias e 287 gols do rival rossonero. É curioso também ressaltar a imensa lista de nomes que disputaram o dérbi com ambas as camisas: Giuseppe MeazzaRoberto Baggio, Edgar Davids, Patrick Vieira, Clarence Seedorf, Andrea Pirlo e Ronaldo são alguns dos nomes de astros do futebol que tiveram a honra de disputar este duelo por ambos os lados.

O primeiro jogo

Para falar de jogos marcantes na história do confronto, vamos começar pelo início de tudo. O primeiro Derby della Madonnina aconteceu no dia 19 de outubro de 1908, ou seja, estaremos presenciando um confronto de 117 anos de uma imensa história.

O duelo foi realizado sete meses após a fundação da Internazionale, e curiosamente o jogo não foi realizado na Itália, mas, sim, em uma pequena cidade chamada Chiasso, na Suiça. O resultado foi de 2 a 1 para o Milan. Oficialmente, o primeiro confronto aconteceria três meses após o jogo em solo suíço, desta vez na Itália. O Milan venceu novamente, desta vez pelo placar de 3 a 2.

Os duelos com mais gols

Nas décadas de 1940 e 1950, Gunnar Nordahl e István Nyers eram os grandes nomes do dérbi em Milão. Foi a época do clássico onde quase todos os duelos acabavam com muitos gols. E a de temporada 1949/50 foi um verdadeiro banquete para os narradores. No primeiro turno da Serie A, o duelo terminou em 4 a 4. Já no returno houve um 6 a 5 histórico, que até hoje permanece como o dérbi com mais gols de toda história.

A maior goleada

Dia dos sonhos para o torcedor rossonero, 11 de maio de 2001 nunca será esquecido. O mais estranho é que o Milan vivia uma fase péssima: havia demitido Alberto Zaccheroni e deixado o comando daquele importante duelo nas mãos do interino Mauro Tassoti. Se alguém naquele elenco mantia a boa fase era o saudoso Andriy Shevchenko. 

Porém, a estrela brilhou em quem ninguém menos esperava. O italiano Gianni Comandini era o companheiro de ataque do ucraniano, que era duramente criticado pela imprensa italiana, e que não havia marcado ainda com a camisa milanista. Resultado? Comandini fez os dois gols de toda sua passagem pelo Milan naquele confronto, com duas assistências do brasileiro Serginho. Federico Giunti, de falta, ampliou para o Milan no segundo tempo.

A seguir, surgiu o artilheiro da Serie A daquele ano: Shevchenko, com mais uma assistência de Serginho, fez o quarto e o quinto. Para fechar, o brasileiro Serginho, depois de presentear os seus companheiros, resolveu deixar o dele. Um 6 a 0 humilhante no San Siro.

Os duelos pela Champions

Para finalizar, o Derby Della Madonnina após brilhar nos gramados italianos resolveu ser destaque da competição de clubes mais importante do planeta. Os deuses do futebol permitiram que Inter e Milan se enfrentassem na Uefa Champions League 2002/03 e em 2004/05.

No primeiro confronto, a partida foi válida pelas semifinais da competição. O jogo de ida teve o Milan como mandante, e o placar do duelo terminou zerado. No jogo de volta com mando nerazzurri, Shevchenko fez nos acréscimos do primeiro tempo um gol que obrigava a rival a virar o placar. Oba Oba Martins empatou para a Internazionale, mas já no final da partida. Com o resultado em 1 a 1, o gol fora de casa garantiu o Milan na grande final daquele ano, onde mais tarde levantaria a "orelhuda" ao vencer a outra rival, Juventus, nos pênaltis.

Dois anos depois, Milan e Inter voltariam a se enfrentar na Champions, mas desta vez pelas quartas de final. No dia 6 de abril de 2005, o jogo de ida foi novamente com mando rossoneri, mas desta vez com gols. O zagueiro Stam abriu o placar e Shevchenko ampliou, ambos de cabeça, levando o estádio San Siro ao delírio. No jogo da volta, Shevchenko novamente brilhou e abriu o placar, obrigando a Inter a fazer quatro gols na partida para avançar no torneio. E foi neste momento que surge a imagem simbólica até hoje.

Revoltada com decisões polêmicas do árbitro da partida, parte da torcida nerazzurra atirou sinalizadores no gramado, impedindo que o jogo prosseguisse, e foi neste momento que surge a foto simplesmente épica de Marco Materazzi e Rui Costa, os rivais observam a cena de guerra criada no Giuseppe Meazza. E aquela imagem, somente ela, resume muito do que é esse tal do futebol. Ele não é um esporte, ele não é religião, nem muito menos política, mas simplesmente futebol.