Decepcionante. Essa palavra define o que foi a temporada 2014/15 do Real Madrid. Depois de conquistar a Copa do Rei, a La Décima da Uefa Champions League e o Mundial de Clubes em 2014, equipe iniciou 2015 em alta e terminou em baixa. Pior: o técnico Carlo Ancelotti foi demitido ao término da temporada e o rival Barcelona conquistou a La Liga e a Copa do Rei, dominou o futebol espanhol e chegou à decisão da Champions League.

Se na disputa do "Pichichi" deu Cristiano Ronaldo como artilheiro da temporada ao bater Messi, na disputa entre os clubes o Real Madrid deixou a desejar por tudo o que construiu em 2014, e viu seu rival Barcelona chegar a decisão de tudo e conquistar os dois principais campeonatos nacionais.

Começo avassalador, mas caída drástica de rendimento

Depois de conquistar a Copa do Rei com o gol antológico de Gareth Bale e a tão sonhada La Décima com uma sonora goleada por 4 a 1 sobre o Atlético de Madrid, o Real Madrid voltou ao topo do futebol europeu e parecia que a temporada 2014/15 seria grande para os merengues.

Após a Copa do Mundo de 2014, o Real Madrid teve algumas mudanças. O clube vendeu dois dos seus grandes destaques na temporada 2013/14, Xabi Alonso para o Bayern de Munique e Di María para o Manchester United, e contratou três grandes destaques da Copa do Mundo, o colombiano James Rodríguez, o alemão Toni Kroos e o costa-riquenho Keylor Navas.

Já com os reforços, a equipe de Carlo Ancelotti conquistou a Supercopa da Europa e foi vice da Supercopa da Espanha. O vice na Supercopa foi a primeira frustação da equipe na temporada 2014/15 que almejava conquistar tudo o que disputaria. Mas ainda restava quatro torneios, e ao conquistar o Mundial de Clubes, restavam 3 (La Liga, Copa do Rei e Champions League). Ao todo, foram 4 títulos em 2014 (Copa do Rei, Champions League, Supercopa da Europa e Mundial de Clubes) e o clube fechou o ano com saldo positivo sendo eleito pela IFFHS como melhor clube do mundo.

Real Madrid conquistou o Mundial de Clubes em 2014 (Foto: Getty Images)

Gareth Bale encantou à todos com a grande temporada que fez, tendo sido importante na decisão da Uefa Champions League marcando o gol da virada e tendo marcado o gol do título da Copa do Rei, um gol antológico. Benzema parecia ter se firmado na equipe e ganhou Chicharito como sua sombra no banco de reservas. O trio BBC, reforçado com as chegadas de Kroos e James para ajudar Modric no meio campo, parecia que iria mais longe em 2015.

O Real Madrid terminou 2014 com o título do Mundial de Clubes e iniciou 2015 na busca pelo recorde de clube com mais vitória consecutivas na história. Há duas vitórias do recorde, foi derrotado. Mas a equipe estava na liderança da La Liga, tinha vencido o Barcelona por 3 a 1 no Santiago Bernabéu e Cristiano Ronaldo tinha conquistado a Bola de Ouro pela segunda vez seguida e liderava a artilharia da temporada.

Cristiano Ronaldo conquistou a Bola de Ouro em 2015 (Foto: AFP)

Àquela altura, todos imaginavam que o Real Madrid conquistaria mais títulos e deixaria os rivais no chinelo. Entretanto, começou as baixas por lesões. A primeira vítima foi Modric, com uma séria lesão no joelho. Isco ganhou a vaga no meio e parecia que o problema tinha sido resolvido, mas logo depois foi a vez de James lesionar o tornozelo, e Ancelotti passou a ter dor de cabeça pois Illarramendi e Khedira não conseguiam dar o mesmo ritmo que a equipe tinha com Modric e James. Com isso, o trio BBC caiu de rendimento e não parecia mais o mesmo da temporada anterior.

Sergio Ramos, Carvajal e Marcelo chegaram a sofrer algumas lesões, e o Real Madrid começou a tropeçar e chegou a ser goleado por 4 a 0 para o Atlético de Madrid e foi eliminado pelo rival na Copa do Rei, deixando dúvidas quanto à temporada da equipe.

O Barcelona começou a encostar na tabela até que assumiu a liderança. O Real Madrid perdeu para o Schalke 04 em pleno Santiago Bernabéu por 4 a 3 e, por pouco, não foi eliminado da Champions League precocemente nas oitavas de final, e Casillas - que vinha sendo contestado desde a péssima participação na Copa do Mundo, passou a ser mais contestado ainda.

E se não bastasse a sequência negativa, o sorteio das quartas de final da Champions League reservou para o Real Madrid um confronto contra o Atlético de Madrid, clube que o Real não conseguia vencer há seis jogos. Mas bastou James e Modric voltarem de lesão e o futebol do Real Madrid voltou a aparecer e a equipe voltou a ganhar confiança e conseguiu uma série positiva.

Mas na véspera do jogo de volta contra o Atlético de Madrid, Modric e Benzema se lesionaram e puseram em risco a equipe. Ancelotti, sem confiança em Illarramendi, Khedira e Lucas Silva, improvisou Sergio Ramos no meio e Chicharito ganhou a vaga de titular no ataque. E foi o atacante mexicano quem classificou o Real Madrid com gol nos minutos finais de novo.

As coisas acalmaram em Madrid. O Real Madrid foi sorteado para enfrentar a Juventus na semifinal e o sonho da Undécima ficou próximo. Benzema até que voltou de lesão (Modric, infelizmente, perdeu a temporada) mas o Real Madrid não conseguiu vencer a Juventus e caiu na semifinal.

O clube ainda seguia a sonhar com uma remontada na La Liga, mas ao tropeçar contra o Valencia, viu a temporada chegar ao fim. Sem grandes títulos na temporada 2014/15, a pressão de resultados levou a demissão de Carlo Ancelotti.

James Rodriguez cala os críticos e faz grande temporada; Cristiano Ronaldo segue fazendo história

Depois da grande participação de James Rodríguez com a Seleção da Colômbia na Copa do Mundo 2014, muita dúvida ficou no ar quanto a pressão que ele sofreria no Real Madrid, principalmente por substituir Di María que deixara o clube por sua causa.

Muitas comparações e questões surgiram, mas Carlo Ancelotti e a equipe sempre deram moral para o novo camisa 10 do Real Madrid. E toda essa moral deu resultado. Ficou claro que com James Rodríguez a equipe do Real Madrid jogava melhor. O jogador fez alguns gols bonitos e importantes, além de assistências, tendo sido o destaque do meio-campo e sendo mais importante que Gareth Bale e Benzema ofensivamente. Na temporada, James jogou 45 vezes, marcou 17 gols e deu 15 assistências.

James Rodríguez foi bem em sua primeira temporada no Real Madrid (Foto: Getty Images)

Os números de Cristiano Ronaldo no Real Madrid cada vez mais parecem números de um camisa 9. Na temporada 2014/15, foram 61 gols em 54 partidas e inúmeros recordes quebrados.

Dos 48 gols na La Liga, 85% foram com apenas um toque na bola e 90% deles dentro da área. Cristiano marcou 29 gols de perna direita, 6 de esquerda, 12 de cabeça, 10 de pênalti e 2 de falta.

Cristiano Ronaldo além de conquistar prêmios de artilharias quebrou alguns recordes no Real Madrid. Hoje, o gajo já é o segundo maior artilheiro da história do clube merengue e tem grandes chances de passar Raúl na próxima temporada e assumir a liderança. CR7 também briga diretamente com Messi pela artilharia de competições europeias. Cristiano lidera o prêmio de Chuteira de Ouro e foi artilheiro da La Liga.

Cristiano Ronaldo é o 2º maior artilheiro da história do Real Madrid (Foto: Divulgação/Real Madrid)

Lesões e falta de consistência, além da polêmica demissão de Ancelotti

As lesões atrapalharam o Real Madrid na temporada e contribuiram para a falta de sucesso da equipe. Principalmente as lesões de Modric, que duas vezes teve problemas no joelho.

As lesões atrapalharam também o rendimento do trio BBC. O trio de ataque merengue produziu pouco em 2015 e a queda de rendimento fez mal ao Real Madrid. Mesmo com Cristiano Ronaldo sendo o artilheiro da temporada, Benzema e Bale não conseguiram grande destaque, principalmente o segundo que foi o mais abaixo da média do trio. Além das lesões e da queda de rendimento do trio BBC, a defesa merengue também passou a ser contestada, principalmente o goleiro Casillas.

Por fim, a demissão de Carlo Ancelotti foi o principal ponto negativo da temporada. O treinador teve problemas durante toda a temporada e acabou demitido. Muito se contesta sobre, até os jogadores merengues sentiram o "golpe".

Conquistou quatro títulos sob o comando merengue e teve o melhor aproveitamento da história de um técnico no comando no clube, acima dos 70%. Números impressionantes que deixam a dúvida no ar quanto a sua demissão.

Ancelotti tinha o apoio dos principais jogadores do clube, como Cristiano Ronaldo, Sergio Ramos e Casillas. James Rodríguez, Gareth Bale, Kroos e outros, chegaram a lamentar a demissão do treinador publicamente em redes sociais - assim como os três primeiros.

Pelo Real Madrid, Ancelotti comandou a equipe em 119 oportunidades, venceu 89, empatou 14 e perdeu 16, com 74,8% de aproveitamento.

Ancelotti teve o melhor aproveitamento de um técnico na história no Real Madrid (Foto: Getty Images)